Redes sociais: o que muda na comunicação?

21-11-2011 17:09

Redes sociais: o que muda na comunicação?

 

Com o aparecimento das redes sociais, a produção de informação passou a estar ao alcance de todos. O espectador deixou de ser um mero consumidor e começou a apoderar-se da rede para publicar os seus próprios conteúdos. Ao contrário do que acontecia nos média tradicionais, onde um elemento comunicava para o resto da população, a comunicação ocorre agora de todos para todos.

As possibilidades oferecidas pela rede alteraram, além da forma de comunicar, a condição de jornalista. Com as ferramentas acessíveis a todos, continuará a profissão de jornalista a ser necessária? Qualquer um que publique os seus conteúdos torna-se um jornalista? Estas questões são mais complexas do que parecem e a sua resolução está ainda longe de acontecer. Sabe-se apenas que, para sobreviver neste mundo, o jornalista tem de assumir uma atitude diferente. A rede é uma forma de acesso à informação e às fontes que deve ser aproveitada pelos profissionais. Como refere Mário Camarão, especialista em Redes Sociais, “o jornalista tem que estar atento às redes sociais e esmiuçá-las para o entendimento público ”.

 

 

À primeira vista, estas transformações parecem não trazer qualquer problema. Contudo, como declara Mário Camarão, “a internet sempre foi vista como lugar de possibilidades, associada, muitas vezes, a fakes ou sexo”. Com isto, a informação online perde alguma credibilidade e, apesar de diversificada, os leitores preferem, muitas vezes, continuar a seguir os seus meios tradicionais. Não pode ainda esquecer-se, que quem se aventura no mundo virtual tem que ter consciência que a sua privacidade está posta em risco. Tudo que se diz neste meio pode ser lido por qualquer destinatário e o produtor não controla as interpretações que podem ser feitas da sua mensagem. Diante do mesmo conteúdo, os visualizadores podem ficar satisfeitos e recomendar o que vêem a outros ou, simplesmente, dar um feedback negativo na forma de comentário.

Perante este acesso generalizado aos meios de produção e difusão de informação pelo cidadão comum, qual é, afinal, a posição do jornalismo? Será o jornalismo feito por todos verdadeiro jornalismo? Segundo Mário Camarão, o jornalismo de verdade vai continuar a diferenciar-se da vulgar divulgação de conteúdos. A diferença reside na técnica jornalística, que o cidadão-comum desconhece, ou não domina. Assim, cabe aos jornalistas intervirem nas redes com um papel consciente e de acordo com os princípios fundamentais da profissão. O jornalismo online, por sua vez, é uma porta aberta para uma cada vez maior interactividade e actividade dos públicos. Neste sentido, os jornalistas devem procurar ter um domínio fundamental da informação, mas também das redes sociais, porque, hoje em dia, grande parte das fontes jornalísticas passam pelas redes. Uma estreita colaboração com o cidadão-comum é primordial, para que o jornalismo digital se desenvolva de forma pluralizada.

 

As redes sociais constituem um fenómeno altamente globalizado. Pessoas espalhadas por todo o mundo fazem parte de alguma rede social, e este número cresce cada vez mais.Facebook, Twitter, YouTube, myspace ou flickr são, apenas, alguns exemplos de redes sociais populares nas teias da internet. Estas plataformas de socialização crescem dia-a-pós dia, ganhando novas funcionalidades, de acordo com a utilização que os indivíduos fazem delas. Desta forma, as redes são cada vez mais adaptadas às nossas necessidades e gostos. “Hoje, surgem cada vez mais redes sociais”, refere Mário Camarão. Porém, o especialista acrescenta, que também são muitas as redes a desaparecem, pois existe uma enorme saturação neste campo. À medida que algumas redes são criadas e popularizadas, outras são substituídas e deixam de cativar a atenção dos utilizadores. E tudo isto acontece quase à velocidade da luz.

 

 

 

Fim do jornalismo ou redefinição do conceito?

 

As tecnologias digitais introduziram novos desafios e possibilidades nas rotinas de produção noticiosas. Actualmente, novas portas se abriram ao cidadão na sua relação com os media, surgindo, assim, o conceito de "Jornalismo do cidadão". Para alguns, esta prática assume um papel crucial na democratização da informação, uma vez que promove uma maior liberdade na sua produção e veiculação. O cidadão deixa de ser, simplesmente, leitor ou espectador dos produtos mediáticos, colaborando, também, na produção do material veiculado. Assim, cabe-lhe a função de recolher, seleccionar, analisar e difundir a informação. Mas será que o indivíduo comum é dotado das competências e da formação necessárias para levar a cabo todo o processo de produção noticiosa? Os que são opõem a este "Novo jornalismo" defendem que não, levantando, neste sentido a questão da ética e deontologia profissionais. O Jornalismo, entendido na sua concepção "tradicional", rege-se por técnicas específicas e por princípios rigorosos. Assim, não obedecendo a regras jornalísticas, poderá o "Jornalismo do cidadão" ser considerado "Jornalismo"? Até que ponto é que a informação transmitida pelo 'cidadão não profissional' é credível? O papel social do jornalista é inegável: ele influencia o público, determinando as suas representações do 'real'. Neste sentido, poderá o jornalismo feito pelo cidadão sustentar o peso desta responsabilidade?

 

De facto, são diversas as questões que aqui se levantam e são, igualmente, diversas as posições tomadas a respeito. Contudo, a ascensão deste "novo jornalismo" é um facto  consensual e o seu impacto no panorama mediático é inegável.

Muitos são aqueles que profetizam o fim do jornalismo tradicional. Numa era 'governada' pelas tecnologias digitais, os meios de comunicação como os conhecemos até agora, parecem, de facto, caminhar para a extinção. Os novos media sociais ganham cada vez mais força e há mesmo quem ponha em causa a longevidade dos veículos de comunicação clássicos. Ora, a resposta parece passar por uma reinvenção e uma adaptação destes formatos, de forma a responder às necessidades da época. Redefinir o conceito de jornalismo é urgente e, para tal, importa derrubar preconceitos e estigmas. O jornalismo tradicional é mais credível, é um facto; porém, o jornalismo do cidadão não deve ser menosprezado. Antes, deve ser entendido como uma fonte importante para os jornalistas. Por outras palavras, estes não devem ser indiferentes ao material produzido pelos cidadãos, mas também não podem simplesmente publicá-lo sem quaisquer critérios.

Redefinir o conceito de jornalismo parece ser o caminho: um jornalismo feito por profissionais, com a participação do cidadão e, acima de tudo, para o cidadão. Um media social não suplanta, necessariamente, outro; no entanto, sublinhe-se que a 'sobrevivência' depende de mudanças. Como sugere o biólogo Charles Darwin, os melhores adaptados às condições do meio, não serão extintos.